O ano de 2023 ficará para a história como o segundo ano recorde na produção mundial de tomate para indústria e Portugal acompanha a tendência com uma das campanhas mais produtivas de sempre, revelaram os especialistas na conferência balanço organizada pela Magos IS, no dia 16 de novembro, em Salvaterra de Magos.
A produção mundial de tomate para indústria é estimada em 44,194 milhões de toneladas, a segunda maior de sempre, próxima do recorde atingido em 2009 (44,512 M ton), segundo dados do World Tomato Processing Council, divulgados na conferência balanço organizada pela Magos IS.
Na Europa, apenas Itália (5,400 M ton) e Grécia (390 000 ton) registam quebras, Portugal conta com uma produção estimada em 1,5 milhões de toneladas, 3% acima do ano anterior.
Após três anos consecutivos, entre 2020 e 2022, de quebras na produção mundial de tomate, devido aos verões quentes e aos anos secos nas principais regiões produtoras, nomeadamente na Califórnia e em Espanha, este ano as fábricas reforçam os seus stocks de concentrado. Porém, a questão mantém-se: como nos adaptamos a produzir tomate indústria num clima em mudança?
“Na Andaluzia existem 3 fábricas de tomate com capacidade para transformar 10 000 hectares de tomate, mas nos últimos anos esta região produziu apenas 2000 a 3000 hectares, porque não há água para regar. A área de agricultura de regadio aumentou 100% na Andaluzia, mas a infraestrutura de rega é a mesma”, afirmou Eugénio Ferreira, técnico da consultora espanhola Tepro, sediado em Sevilha.
Em Portugal, a água ainda não é um fator limitante, porém os elevados custos da cultura obrigam a um uso cada vez mais eficiente da água, dos adubos e dos fitofármacos. “Os produtores de tomate em Portugal já passaram por tantas dificuldades nestes últimos 10 anos, com preços tão baixos pagos pelas indústrias, que foram obrigados a rentabilizar tudo o que era possível”, admitiu Joaquim Silva, diretor comercial da Magos IS. “O caminho é continuarem a evoluir na monitorização do uso da água para regar de forma cada vez mais eficiente, porque em termos de sistemas de controlo de rega, o setor do tomate é um dos que está mais bem equipado”, defende. “Da parte da Magos IS, a nossa obrigação é apresentar soluções para que os agricultores consigam continuar a evoluir na produtividade da água, ou seja, produzir mais quilos de tomate por m3 de água”, conclui.
João Dotti, administrador da Magos IS, afirmou na abertura da conferência que “nos últimos cinco anos, a Magos IS cresceu a dois dígitos graças a três ativos principais da empresa: as nossas pessoas; a tecnologia de ponta dos nossos fornecedores e a nossa aposta da inovação”.
Uma das inovações que a Magos IS apresenta ao mercado é a solução Spherag para automatização inteligente e simples da rega, baseada em pequenos dispositivos sem fios, alimentados 100% a energia solar, que se ligam a bombas, electroválvulas, contadores e válvulas, para monitorizar e controlar estes equipamentos em tempo real a partir do smartphone, tablet ou PC, sem ter de se deslocar ao campo. O sistema também permite consultar gráficos do histórico da rega e informação recolhida por sensores na cultura; envia alertas de anomalias e relatórios diários de manutenção preventiva via SMS ou email. Tudo é comandado online através da plataforma Spherag.
Outra das tecnologias inovadoras disponibilizadas pela Magos IS aos agricultores é a Rivulis Defend, a primeira fita de rega do mundo que se defende dos estragos provocados pelos insetos de solo, reduzindo o desperdício de água e de adubos originados por fugas. A Rivulis Defend incorpora na sua composição um inseticida da família da deltametrina, que repele os insetos mordedores, mastigadores e picadores. Ensaios realizados em Itália, onde esta tecnologia já foi utilizada em mais de 7000 hectares de tomate para indústria, comprovam uma redução de 97% a 99% nos estragos causados na fita de rega por insetos, garantiu David Dalle Carbonare, responsável comercial da Rivulis no Norte de Itália. A Rivulis Defend está disponível nos modelos de fita T-Tape e D-1000.
A ISI Sementi, empresa obtentora de sementes italiana, apresentou três variedades de tomate indústria adequadas ao mercado português: a ISI 28279 (precoce, com elevada produtividade), a Foster (de ciclo médio, com excelente vingamento dos frutos mesmo com altas temperaturas) e a Sailor (resistente ao míldio e com frutos de alta viscosidade). “A variedade de tomate ideal é aquela que responde de forma equilibrada às exigências dos 4 pilares do mercado: os viveiristas, os agricultores, as indústrias e os consumidores”, afirmou Diogo Anjos, responsável comercial da ISI Sementi em Portugal.
Portugal produz apenas 3% do tomate indústria a nível mundial, mas é um dos quatro países com maior vocação exportadora, a par dos EUA (11.470 M ton), Espanha (2.600 M ton), e Chile (1.150 M ton), sendo o concentrado português mundialmente apreciado pela sua qualidade.
“O que mais vai contribuir para que Portugal continue a ser um país de ponta na produção de tomate são os nossos agricultores, muitos deles são já a terceira geração a produzir esta cultura, e esse saber fazer é um fator primordial”, afirmou Eugénio Ferreira, apelando à união dos produtores para a valorização do produto: “a produção tem de encontrar forma de manter ou melhorar o preço, porque 15 cêntimos por 1 Kg de tomate é muito pouco, se o compararmos com outros produtos. Se não for o campo a valorizar os seus produtos quem o fará?”.