“É vital incrementar os níveis de adoção de tecnologias de precisão no regadio”

Joao Ferreira, CEO da Irricampo, considera que o uso eficiente da energia na agricultura é o maior desafio atual do regadio e revela como a Irricampo está a ajudar os agricultores a consumir o mínimo de energia, sem sacrificar a produtividade e a qualidade das culturas.

Cada vez mais, quando se dimensionam sistemas de rega, pretende-se que sejam ultra eficientes

Irricampo completou 40 anos de atividade em 2022. Quais são os maiores ativos da empresa para o futuro?

João Ferreira: Os maiores ativos da Irricampo, são os nossos colaboradores com o seu profissionalismo e conhecimento técnico, que em conjunto com a estabilidade económico-financeira da própria empresa, são os fatores diferenciadores essenciais que nos tornam a principal referência no mercado de rega agrícola, transmitindo em permanência fiabilidade, segurança e confiança.

Produzir mais com menos recursos é o que se exige aos agricultores de regadio. Como é que a Irricampo ajuda a cumprir este desígnio?

João Ferreira: Nos últimos anos, um pouco por todo o mundo, para além da elevada preocupação ambiental em torno do cada vez mais escasso recurso que é a água, e do consumo da mesma para a prática agrícola, o seu maior utilizador, começou a revelar-se recentemente um novo tópico, de igual importância – a eficiência de utilização energética na agricultura.

Cada vez mais, quando se dimensionam sistemas de rega, pretende-se que sejam ultra eficientes, capazes de aplicar a quantidade de água estritamente necessária nos locais definidos e pretendidos, consumindo o mínimo de energia possível, sem sacrificar a produtividade e a qualidade das culturas.

Esta temática merece a maior das atenções por parte da Irricampo, que em conjunto com os seus principais parceiros, Valley, Netafim, Regaber e Progrés, fabricantes líderes de mercado que investem milhões de euros anualmente no desenvolvimento de novos produtos, pode disponibilizar com regularidade soluções inovadoras, incorporando-as nos sistemas de rega que instala.

Assim, já neste ano de 2023, estão disponíveis e em fase de instalação, diversos equipamentos de última geração, mais eficientes na utilização de água e de energia, quer seja ao nível dos programadores de rega, das plataformas de gestão da rega, das baterias de filtragem (mais compactas e eficientes), de novas funcionalidades da plataforma de controlo remoto e monitorização “Valley 365” e dos sistemas de bombagem, estes com possibilidade de alimentação fotovoltaica e/ou hibridação, equipados com variadores de frequência capazes de otimizar o consumo energético de acordo com as necessidades dos sistemas de rega, a cada momento.

A Europa quer atingir a neutralidade carbónica até 2050. Como é que a agricultura de regadio pode contribuir para o cumprimento desta meta?

João Ferreira: A redução das emissões de gases com efeito de estufa GEE consegue-se, desde logo, por via da maior eficiência no uso da água e dos fertilizantes azotados. Se produzir mais toneladas de um determinado produto agrícola com o mesmo volume de água ou a mesma quantidade de unidades de azoto, sou mais eficiente e, portanto, reduzo as emissões de dióxido de carbono e óxido nitroso, ao reduzir a quantidade de nutrientes aplicados na água de rega.

A rega a taxa variável (VRI) e o uso de sensores de monitorização da humidade no solo são exemplos de práticas de Agricultura de Precisão que aumentam a eficiência de rega e da fertirrigação e devem ser adotadas por cada vez mais agricultores.

As culturas de cobertura em cultivos extensivos, os enrelvamentos das entrelinhas, em pomares e vinhas, são praticas que ajudam a reduzir a perda de água por evaporação e permitem a fixação de carbono de forma sustentável, aumentando o teor de matéria orgânica no solo, que é um dos maiores sumidouros de carbono do Planeta.

O aumento de utilização de energias renováveis que se tem vindo a verificar, também na agricultura, para o funcionamento de máquinas e equipamentos agrícolas, vai no sentido da neutralidade carbónica, uma vez que as emissões associadas à rega podem ser reduzidas com o uso de energia derivada de fontes renováveis como, por exemplo, os painéis fotovoltaicos.

Quais são os grandes desafios do regadio nacional? E a Irricampo está preparada para lhe responder?

João Ferreira: O maior desafio para o regadio nacional, será manter e melhorar a “estratégia” que o setor vem seguindo nos últimos 10 anos, utilizada para incrementar os ganhos de eficiência no uso da água. Há que fazer mais com cada vez menos e, para tal, é vital incrementar os níveis de adoção de tecnologias de precisão, a vários níveis, por parte dos agricultores de regadio.

Seguramente que estamos preparados para mais este desafio. Como referido, representamos marcas fabricantes líderes mundiais, com as quais trabalhamos em estreita parceria, permitindo manter-nos na vanguarda da tecnologia e disponibilizar as soluções necessárias.