Produtores de flores pedem 50 milhões € ao Governo para sobreviver à crise

  • Post category:Notícias

Em março e abril os produtores nacionais de flores e plantas ornamentais sofreram prejuízos diários avaliados em 2 milhões de euros e, apesar de alguma retoma nas vendas nos primeiros dias de maio, a crise no setor é profunda. Milhares de flores e plantas continuam a ser deitadas ao lixo por falta de escoamento, situação que a manter-se levará as empresas a reduzir a produção e a despedir trabalhadores.

«Nas primeiras semanas da crise o nosso negócio parou por completo. Devido ao confinamento, os portugueses deixaram de comprar flores, mas nós tivemos que manter a atividade», afirma Victor Araújo, presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPPFN).

Sem a realização de casamentos e batizados e com as celebrações religiosas da Páscoa canceladas, as vendas de flores de corte estiveram em níveis próximos do zero. No subsetor das ornamentais os canais de exportação encerraram precisamente no período em que ocorreria o maior volume de vendas para a Holanda, França, Itália e Espanha. Milhares de flores e plantas de temporada foram destruídas por falta de escoamento.

As empresas do setor, que empregam 5.000 trabalhadores, aderiram ao lay-off parcial e pediram moratórias de pagamento dos empréstimos à banca, mas nenhuma conseguiu aceder,  até à data, às linhas de crédito com garantias do Estado. «Estamos a passar por graves dificuldades, pedimos ao Governo que nos ajude com alguma compensação por toda a flor que foi destruída, os prejuízos são enormes», adianta o presidente da APPPFN, estimando em mais de 100 milhões de euros os prejuízos do setor, desde o início da pandemia. Numa carta recentemente endereçada à Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, a associação pediu 50 milhões de euros de apoios para fazer face à crise.

As vendas de flores e plantas recuperaram ligeiramente por altura do Dia da Mãe, coincidindo com o fim do Estado de Emergência, mas «neste momento assistimos a uma nova desaceleração da procura. 70% a 80% das flores que colhemos continuam a ir para o lixo», assegura Victor Araújo, produtor de flor de corte no Montijo. A sua empresa – a Florineve –emprega 120 trabalhadores, todos em regime de lay-off parcial, com horários reduzidos a 40 ou 80 horas mensais. «Tanto eu como os meus colegas estamos a reduzir a produção e se não houver uma forma de nos compensar, infelizmente vamos ser obrigados a fazer despedimentos», alerta o empresário.

Prejuízos em Espanha ascendem a 440 milhões € Em Espanha, os prejuízos causados pela quebra das vendas ascendem a 440 milhões de euros, segundo estimativas do Comité de Flores e Plantas da FEPEX- Federação Espanhola das Associações de Produtores e Exportadores de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Vivas. Esta federação emitiu um comunicado apelando aos Ministros da Agricultura da União Europeia, que se reúnem hoje 13 de maio, para que adotem «medidas úteis e eficazes, adaptadas à realidade gerada pela pandemia». Pedem que seja acionadoum regime excecional de retiradas de mercado de flores e plantas, pagas a preços de mercado, aberto a todas as empresas afetadas.

Este conteúdo é restrito apenas aos utilizadores registados. Por favor, faça o login (Entrar) para ler o artigo completo.